terça-feira, 23 de outubro de 2007

Megaporto em SP tem uma guerra pela frente

Por: Agnaldo Brito
Extraído do Estado de S. Paulo, dia 21 de outubro de 2007

A promessa de um investimento de US$ 3 bilhões na construção de um megaporto entre as pacatas cidades litorâneas de Peruíbe e Itanhaém, em São Paulo, causou enorme surpresa e expectativa na região neste semana. O projeto foi apresentado como a grande chance de desenvolvimento, mas também como a mais séria ameaça ambiental já imposta ao litoral sul e ao Vale do Ribeira.

Além de abrigar a maior área contínua de Mata Atlântica do País, a região é habitat de comunidades indígenas que reivindicam demarcação de terras. Por isso, o licenciamento ambiental do projeto tem tudo para se tornar uma guerra.

Esse é o mais novo lance do polêmico empresário Eike Batista, controlador da mineradora MMX. O primeiro passo para o licenciamento já foi dado. Eike acaba de pedir à Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo o “plano de trabalho” para iniciar o estudo de impacto ambiental.

“Não imagino o licenciamento desse empreendimento sem um projeto que não seja, no mínimo, inovador e revolucionário. Algo que jamais se fez no Brasil, de custos de mitigação e compensações ambientais que nenhum outro empreendimento alcançou”, declarou ao Estado o secretário de meio ambiente de São Paulo, Xico Graziano.

O porto, previsto para operar em 2011, provocou reações fortes. A prefeitura de Peruíbe, que se tornou negociadora da MMX na Baixada Santista, avalia ser essa a grande chance de tirar a região da irrelevância econômica. Os ambientalistas e indigenistas classificam o megaporto um ato de “irresponsabilidade” e uma ameaça a um dos últimos ecossistemas do litoral brasileiro.

O projeto servirá a grandes navios de carga, que hoje não operam no País. O Porto de Santos, o maior da América Latina, tem limitações para receber grandes navios. A profundidade máxima do canal de navegação é de 14 metros, em alguns trechos de apenas 12. O Porto Brasil, como foi batizado, daria acesso aos gigantes do mar. Teria calado acima de 18 metros. Para isso, o porto será construído dentro do mar.

Uma estrada sairia de dentro do terreno de 53 milhões de metros quadrados, em fase de negociação, até um ilha artificial que deverá ser construída entre 3 e 3,6 quilômetros da costa. O projeto prevê 11 berços de atracação. O porto movimentará minério, grãos, contêiner e etanol.Parte da área seria usada para um condomínio industrial.

Para superar o Porto de Santos, a movimentação de carga teria de superar 82 milhões de toneladas, volume que passará este ano por Santos. A infra-estrutura ferroviária e rodoviária para esse volume está muito aquém para suportar esses volumes. A Rodovia Padre Manoel da Nóbrega é a única que corta o litoral sul de São Paulo. Liga Santos a Peruíbe e depois sobe, em pista simples, até o quilômetro 390 da Régis Bittencourt (BR-116).

A alternativa poderia ser uma ligação entre Itanhaém e Parelheiros, na Grande São Paulo. O projeto nunca passou de intenção, mas pode, segundo o governador José Serra, sair do papel, desde que concedido à iniciativa privada. Uma ferrovia modesta também precisaria de enormes investimentos. Hoje, a linha Santos-Cajati, da ALL, está desativada.

Ponto de Vista

Opinião sobre instalação do novo porto na Baixada Santista/SP postada na lista "Global Garbage"

Por: Paulo F.Garreta Harkot

E deve sair mesmo. Principalmente ao se considerar o gargalo logístico que o Porto de Santos apresenta que compromete, seriamente – na ótica dos economistas e dos investidores envolvidos com a questão – o crescimento econômico da região.

O local do projeto, distante 70 km ao sul de Santos, está grosseiramente apontado na figura abaixo.


Um dos principais problemas dessa proposta – se não o maior – refere-se às proximidades da ilha de Queimada Grande, parcel da Noite Escura, ilha da Queimada Pequena e laje da Conceição que constituem a ARIE da Ilha da Queimada Grande (onde ocorre uma espécie de jararaca – a jararaca-ilhoa – que é endêmica desse local e única no mundo graças às especificidades do seu veneno).

A aldeia indígena, a partir das informações que obtive, não apresenta população original da região.

Na minha modesta opinião, o ideal seria alocar essa proposta – que é boa, em termos de concepção - na porção externa da Baía de Santos uma vez que a região já se encontra muito degradada.

Os maiores interessados no porto de Santos, é claro, não aprovariam essa proposta haja visto que teriam ameaçadas as suas “capitanias hereditárias” e benesses.

Por outro lado, o porto de Santos, a despeito da sua importância econômica para toda a região, é uma excrescência que tende, cada vez mais, a comprometer os importantes serviços e recursos naturais estuarinos. Isso sem contar com os custos astronômicos para constantes dragagens e monitoramentos ambientais.

O correto, no meu ponto de vista, seria construir um grande porto externo, maior que o sugerido em Peruíbe, para possibilitar a realocação dos navios e cargas mais impactantes do interior do estuário para a região externa que, sem sombra de dúvida, não apresenta a importância ecológica do ambiente estuarino.

Mas, para complicar, tem-se, para fora da baía, o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos a cerca de 25 km...

Enfim, quaisquer que sejam as opções, haverá dor de cabeça e prejuízos ambientais.

Enfim, dará pano para manga...

Espero ter contribuído.

8 comentários:

Anônimo disse...

Dá até pra acreditar que possa existir a necessidade desse porto ser construído, pois carecemos de infra-estrutura. Mas o que me dá medo são essas idéias de empresários bilionários, acostumados a botar seu tratorzão e sair comprando áreas gigantescas, convencendo rapidamente os políticos da região que tudo tem que ser feito a toque de caixa.

Vamos com calma...

Campana disse...

Caro proprietario deste blog, posso saber porque não deixas colocar meu comentario sobre o Porto Brasil,
Acho a tal atitude, nada democrática, acho que queres ver apenas o que é conveniente a vocês!!!

Infelismente há em nosso meio “AMBIENTALISTA” , Advogados e entre outras pessoas!! não sabe o que falam , são demagogos e querem se promover!! a tal area, que falam ser dos “INDIOS”, eles destroem e desmatam tiram trilhos da linha ferreas para vender ao ferro velho, esse são nossos “INDIOS” nativos? na verdade, foi sim, invadidas por eles , eles não são nativos desta area!! alem do mais, parte desta , é desmatadas, acho que essas pessoas querem que aconteça o mesmo que foi feito no parque da Xuxa, sendo invadido e virando uma Favela, eles não vivenciam o problema da população, que sofre com o desemprego. Este investimento é de muita importancia para os municipios de Itanhaém e Peruibe, pois eles tiveram pouco crescimento e desenvolvimento, bom, aos DEMAGOGOS que querem se promover, só tenho a dizer que esperamos que este investimento seja concretizado , pois a grande maioria da população quer que seja realizado, e se depender de mim, estarei promovendo e mobilizando pessoas para que isso aconteça!!!
Não temos que ser radicais, temos que ter um DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL!!! Sou a favor da NATUREZA , mas… também ao PORTO!!!
Quero fazer uma Observação de um comentario, o investimento da Petrobras esta sendo feito e realizado e não uma “BLEFE”, quanto ao porto Brasil, com certeza não sera um fantasma!!!
Deixo meu e-mail: fransscampana@gmail.com

Anônimo disse...

Concordo plenamente com a pessoa acima, parece que as pessoas que não querem que este porto saia do papel tem apenas interesse de ver uma região continuar na miséria e devem viver dela, explorando os miseráveis, estive no começo do mês na "gaivota" e fui a feira do Domingo e qual não foi minha surpresa ao circular pela feira ver indios vendendo palmito, piada mesmo eles falam em preservar o meio ambiente e provocam mais males, o único jeito de tirar as duas cidades do ostracismo é a construção do porto e apoarei e farei campanhas se possível, chega do povo de itanhaem e peruibe serem escravos dos veranistas, queremos emprego e dignidade.

Anônimo disse...

Me esqueci de uma coisa...
voces ficarão ai na sua cidade com empregos com o umbigo colado numa mesa tendo sálario e se metendo num problema que diz respeito apenas aos moradores das cidades.
Os únicos que devem opinar a meu ver para a construção do porto são os moradores das cidades

Unknown disse...

Sou morador de Itanhaem e concordo com os comentários.
Porque não fazer um plebecito com moradores da região.
Deveriam inclusive trazer a tona o projeto do Parque da Xuxa que infelizmente hoje o local se tornou uma favela.
Onde estão os ambientalistas que impediram o parque de nascer?
Provavelmente sentados em escrivanias no meio de uma selva de pedras, verdadeiros arranhas céus no qual precisam se deslocar para casa com seus veículos poluindo a atmosfera.
Quer preservar o meio ambiente, comece punindo quem joga lixo na praia, quem fica com som alto nos carros e nas casas, quem rouba palmita, quem abandona cachorro e etc.
Bêni Becker
Meu e mail benibecker1965@hotmail.con

Edu disse...

Parabéns o porto que vocês rejeitaram, vai ficar bonitinho no litoral carioca, caramba heim!!!!

Edu disse...

Parabéns o porto que vocês rejeitaram, vai ficar bonitinho no litoral carioca, caramba heim!!!!

elisa disse...

Concordo plenamente com os comentários acima.
Assim como nós temos que trabalhar para pagar nossos impostos e comprar nosso teto e pagar muito caro por isso, acho que já passou da hora dos "Indios" fazer o mesmo. Eles não querem mudanças pq sabem que da qui a alguns anos, vão ser vistos como pessoas comum, ( o que já passou da hora).
Acorda Brasil!!!
Direitos iguais para todos.
Chega de regalias pois eles usam roupas de marca, bebem, fumam, muitos deles tem carro e alguns tem a vida muito melhor que muitos pais de famílias que trabalham muito não tem.
Voltem pro amazonas e deixem a nossa cidade crescer.

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